sábado, 8 de março de 2025

Bastião

 Por Ronaldo Faria


Bastião pueril dessa terra atávica e trágica, feito cólica banal e carnal, que se basta feito haste de bandeira rasgada a tremular de teimosia como mula na feira sertaneja.
Na lonjura que os olhos dão a cada um de nós, nós de marinheiro para que se desatem dores que impedem flores de brotar na terra esturricada que o sol faz desabrochar.
Bastião, diminutivo de Sebastião, homem trôpego e troncho, trumbicado e andrajo, leva a boiada magra na estrada. A ele, a elegia de seguir a poeira da derradeira folia.
No estupor da finitude, entre a latitude e a longitudinal realidade, parelhas de bois em seus carros de madeira que rangem sons de saudade dão o tom voraz da imensidão.
Bastião, plausível a quem crer que a fé não falhará, pisa firme nos pedregulhos pontiagudos que separam o sertão do mar. No suor que desce, a prece ecoa a toa à chuva que cai.
Na devassa e cândida razão daqueles que se deitam para juntar corpos em cópulas e gozos, o infiel fel que a abelha não traz nas pernas para entregar o mel da sua única vez.
Bastião, plenipotenciário do anuário há muito já escrito e descrito, se desmancha na canja que Eufrásio dá no violão de catorze cordas, se é que tal instrumento possa existir.
Na madrugada devassada e transformada em fim de dor, o brilho que perpassa a luz da lua e bate no vidro sujo mostra, brilhante, que o ausente pode estar presente a sumir.

(Ainda com Gil e Caetano)

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