Hora de poder tresloucar.
Será aqui o final
do meu lugar?
Cheiro de unção na
voz silenciosa e ciosa.
Belicosa gramatura
de papel.
Sob o véu, há
beijo ou fel?
Encoberta, a
vértebra é mel.
Mas, ao fundo, dói
pra dedéu.
Ao preço da cerveja
antevejo virar pinéu.
Cobrir vício sem sevícia
é só léu.
Justiça existe? Só
se for chegar no rio em chiste.
Nalgum bolso os
dedos se cobrem de cobres.
Neles está a
magnânima fragrância.
Poucos, porém, a podem
borrifar.
Vilipêndios nos
compêndios.
A estátua de olhos
cobertos chora sem dó.
Na faculdade o
menino treme de medo.
“Será que vou dar
jeito por aqui?”
Mal sabia que
somos todos só ironia.
Entre tantos 171
viraria quase supremacia.
Lembrança ancha a
segurar o copo que caía.
Na rede a embalar
o bel prazer de Bel.
Pichações de ações
e canções ultramarinas.
Nomes, sobrenomes
e pronomes.
Votos, vestes e
loucos revezes de vezes perdidas.
Na festa louca,
até fezes no quarto escuro de fotos.
No não voltar, não
há como retornar.
Mesmo que agora
falte um tanto de ar.
Jaca mole, tanto se
come até que se empanturra.
No reco-reco,
batuca o tico sem o teco.
Como diria no
passado, milorde é picardia. E que se foda!
Kriptonita no
Super-Homem dos outros é refresco.
Versos no
guardanapo da água furtada.
Na fruta comida, formicida
do depois solitário.
Refratário, o
poeta sofre com aquarela transversa.
No esquecer, o
foder com o sofrer ao alvorecer.
Feito bicho da
seda, falta seda para enrolar.
Na festa se atesta
a testa colada no testículo.
No sertão o luar
agrada até sapo que vai morrer no sal.
A ver o boi mugir,
saudade do filho perdido.
Na verdade, só a
vaca com as tetas de leite lembra dele.
E como é bom
relembrar a lenha no fogão a crepitar.
A brincar de carro
de bois em sabugos de milho.
Fugir das abelhas
da África prontas para picar.
E saber e crer que
em algum momento fui feliz.
No barulho da
cachoeira a beijar a índia finda.
A descer a
floresta e cobrir de corpo desnudo a amada.
Ser dono de si e também
nada conseguir ser.
Mas, para quê
serve essa vida sem amanhã?
No deletério etéreo
de bolas a balangar, o criar.
No som, Caymmi diz
que vai só, mas vai. Eu idem.
Afinal, no final
só nós iremos saber-se-á pra aonde.
Nas sobras e
sombras das luzes e dos minutos, seguiremos.
Aos amores antigos
e lúdicos, meu eterno amor.
Até dedicação na
lembrança do infortúnio do coração.
Lúcido ou
embriagado, tragado e chinfrim, estarei aqui.
E se me sobrarem
segundos sem dor, escreverei.
Escribas de nós
mesmos, aprendemos a cada dia a sermos.
Nos cadernos de
caligrafia sem rima, subverteremos.
Enganaremos a nós
burros mesmos, a esmo.
Mas, tontice da
vida, viveremos mesmo assim.
Com sangrias,
entranhas múltiplas, estranhas luas.
Pororocas
múltiplas nos faremos rio e enchentes.
Nas muitas gentes travestidas
de nós, renasceremos em flor.
Brincaremos de ser
e crer, malfadados e dados retardados.
Como dardos, seremos
lançados no destino.
Nos acertos e erros,
talvez possamos aprender a sambar. Senão, valeu o
passo da passista que é desejo de todos nós, o roncar da cuíca perdida na
bateria a desfilar, o suor da baiana velha da ala do tempo, do mestre-sala a homenagear
a porta-bandeira com seu bastão a girar, do compositor repositor de história,
do batuqueiro maloqueiro que não desceu porque estava dormindo a sonhar. Tudo escondido
na internet.
E assim, chegado o
novo dia na chegança da vida, que sinhá e sinhô fodam-se sim! Lá fora, quem
sabe, surgirá o cheiro brejeiro de jasmim.