Por Ronaldo Faria
quinta-feira, 12 de junho de 2025
Frasinhas bestinhas e abestadas
terça-feira, 10 de junho de 2025
No papagaio ouvinte
Por Ronaldo Faria
domingo, 8 de junho de 2025
O excêntrico som do Manhattann Transfer *
sexta-feira, 6 de junho de 2025
O garfo, a faca e a natureza
-- Garfo, tem certeza de que você quer catar a comida desse prato?
-- Que pergunta, faca. Claro que sim. Senão, você cortou pra quê?
-- Essa é a minha função.
-- Portanto, faço igual. É a minha também.
-- Então somos tão somente duas criaturas com funções predestinadas a cumprimos nessa vida? E mais nada...
-- Creio que sim. Um corta e o outro cata o que tiver de catar do cortado.
-- Mas, que merda! E se eu quiser entrar na boca das pessoas depois de separar pedaços de qualquer coisa juntada?
-- Como assim? Quer subverter o que já está predestinado? Por acaso és comunista? Lembre que fomos feitos num regime democrático!
-- Feitos por operários mal remunerados e entregues às periferias da vida?
-- Não estamos aqui para fazermos doutorado em sociologia. Nossa função é alimentar.
-- Eu sei, mas não posso ao menos delirar? Existir só para serrar é foda!
-- Então tivesse pedido para nascer colher. Dá um tempo!
-- Cruzes, que bravinho. Você ao menos toca línguas, bate em dentes, vê a garganta, sente o calor de bocas e se sorve da saliva.
-- E encontro dentes estragados, mau cheiro e pessoas que engolem direto. Ou seja, mal posso curtir minha função.
-- Tudo bem, seu sofredor de alumínio. Vê se então fica de boa agora que o cliente sentou-se à mesa.
-- Cruz em credo, um outro daqueles que vêm aqui para encontrar a paz. Vai cantar, beber pra caralho e comer devagar. Quer dizer, banho com detergente, sabe-se lá quando vai rolar. Se der merda, nem voltamos aqui para o jantar.
-- Caguei. Não aguento mais serrar...
-- Por acaso você está menstruada por cortar carne mal passada?
-- Vai tomar no seu cu e se foder!
Acima, as árvores que cobrem o restaurante na beira do rio balançam suas folhas que riem do bate-papo dos dois. Feliz e quase zen, o turista fotografa a cena. Mas, surdo ao redor, não ouve o garfo e faca dizendo que nunca mais irão trepar. O momento, sem lamentos, é de delirar e curtir o paraíso que, raras vezes, o mundo dá.
quarta-feira, 4 de junho de 2025
Vai só um, por favor
Por Ronaldo Faria
terça-feira, 3 de junho de 2025
O essencial talento de Rosa Passos *
segunda-feira, 2 de junho de 2025
Pariu-se. E daí?
Por Ronaldo Faria
sábado, 31 de maio de 2025
Dúvidas e dívidas
Por Ronaldo Faria
sexta-feira, 30 de maio de 2025
Entre afetos e desafetos
Por Ronaldo Faria
quinta-feira, 29 de maio de 2025
Procrastinação
terça-feira, 27 de maio de 2025
Na dor, minha dor primeiro e só
domingo, 25 de maio de 2025
Teatro, jazz e obras primas: West Side Story *
sexta-feira, 23 de maio de 2025
Carne e osso com Xangai
Por Ronaldo Faria
Louco e trôpego, no tropel do gado que caminha em quatro patas para logo ser dependurado e rasgado de cima a baixo, Mariano tosse engasgado com a poeira que sobe do chão em grãos invisíveis ao olhar. “Logo tudo isso irá acabar”, pensava. A partir daí será Mariana, sua amada. Aos dois, na cama do colchão de espuma de capim, o introito roto e saudoso mesmo longe do mar desagua na sanfona primeira ou derradeira. À turbulência da ausência, a premência urgente que a gente nem sabe dizer e se faz paulatina na latina crença de que a felicidade será prenha para um dia nascer. Ser no próprio ser, o enternecer libertário da razão de crer. Na latrina, desce a crina do cavalo que trota casco depois de casco no cascalho. Tosco e absorto em si, transverso e no amplexo reto e ereto no sublimar de desejos e ensejos, Mariano faz da sua voz a derradeira trama do fim do drama que é viver num mundo fecundo de abortos de ser...
quarta-feira, 21 de maio de 2025
Nos desenhos da vida com Alceu Valença
-- Lembro até hoje daquele beijo. Foi tipo goiabada e queijo. Causou beleza, casou feito pedaço de laranja, línguas fundidas que pareciam uma foda só. Ao menos essa lembrança ficou.
Retumbante, feito hino de nação, Cauby entoava seu pensar. “Gastar um gole de cerveja pra adentrar um comprimido? Que coisa mais sem graça...” Logo perto, no perpétuo lunar, o vaqueiro trazia seu gado no aboiar.
Maria do Socorro, no púlpito de sua vida tardia, urdia clemência aos pecados e ardia de febre nas doenças que existem desde os tempos glaciais. Ex-amada de Cauby, dissonante no arfante arfar delirante pela saúde que se esvaía pelos poros de suor e promessas dispersas, ela ainda sentia o passado claudicante que teimava em voltar.
-- Relembro do pedido negado para ser feliz. Ou felicidade é romper a orfandade e depois acordar cercada de cifras e cifrões que brotam em contas e contágios mil?
Cauby e Maria, um casal a mais no amazônico e atônito milenar espaço que separa a mão do braço, moravam no sertão da Paraíba. Sob um sol inclemente que impedia qualquer semente de brotar, ambos eram resistentes renitentes e tementes a Deus. Afinal, em tal lugar, em quem mais crer ou temer?
Na praça diante da igrejinha pequena e efêmera, dessas que o Criador sequer sabe que existe, o padre pedia o perdão por ter pensado de forma pecaminosa sobre o coroinha. “Prometo, Senhor, ao invés de vinho colocar suco de uva na taça.” Defronte da capela, iluminados por velas, Fabrício e Anita se achegam e se colam numa coisa só. Açodados de saber que o corpo traz tatuagens e feridas que nem a maior da querência os livrará do destino, os dois se beijam e se retorcem de lamentos e lamúrias, injúrias nunca ditas e desejos imortais.
Na estrada de barro batido e uma ou outra planta resistentes à seca, o carro de boi segue sua sina na ruma de animais com nomes de servis seres imorais, amorais quiçá. “Queria lembrar deles, sendo levados rota acima e ferroados com a vara que trazia à ponta de ferro o sangrar cada um”, relembra a eterna criança a soprar lembranças que ao forno das cinzas irá se levar e relevar cada segundo perdido no acreditar.
A milhares de quilômetros dali, na eterna crença estradeira, outro casal trepa na rede e se esmera em brincar que a felicidade é verdadeira. Mera besteira. No regaço do regato que há muito secou, afônico cantador faz promessa, infundada, de que o santo da poesia e da blasfêmia deixará a fêmea livre dos erros cardeais que a balada sempre traz. Cauby e Maria, feito acauã na dor da secura, creem que a cura da separação se dará em terços de beatas e trouxas de roupas lavadas no rio que, mesmo seco, escorre em frouxas ondas de chegar. Sem tradução àqueles que não enxergam a loucura como salvadora, existirá sempre a próxima aurora.
terça-feira, 20 de maio de 2025
Zé da Velha e Silvério Pontes celebram a MPB *
Com os Paralamas do Sucesso e a porra de uns óculos que não dão pra ver a tela direito
Por Ronaldo Faria Óculos trocado porque o outro estava embaçado. Na caça da catraca de continuar a viver ou da contradança do crer vai ag...

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