Por Ronaldo Faria
Loucura, diuturna agrura do dia a dia. Em quem acreditar? Se em mim não posso, como em futuros dias creditar diáfanas toucas loucas sem cair do galho? Dependurado no nada, azáfama do que for! Só preciso de um violão para quebrar...
Por Ronaldo Faria
Loucura, diuturna agrura do dia a dia. Em quem acreditar? Se em mim não posso, como em futuros dias creditar diáfanas toucas loucas sem cair do galho? Dependurado no nada, azáfama do que for! Só preciso de um violão para quebrar...
Por Edmilson Siqueira
O som aveludado e ao mesmo temo forte do sax tenor está presente em todas as oito faixas desse CD da série Jazz Legends. São quatro saxofonistas do mais alto gabarito tocando clássicos do jazz acompanhados de ótimos músicos.
O sax tenor, pra quem não sabe, foi inventado por Adolphe Sax no século XIX e, claro, era destinado à música clássica. A intenção era incorporar ao som suave dos instrumentos de madeira a potencialidade do metal. Mas ele não foi bem aceito entre os compositores e orquestras clássicas da época. Mas no jazz... Logo que foi descoberto e incorporado aos grupos de jazz, o instrumento encontrou ali terreno fértil e foi adotado por muitos conjuntos, principalmente como solistas.
Neste CD, temos uma espécie de suprassumo do sax, a começar pelas primeiras duas faixas, a cargo de Don Byas, um saxofonista que substituiu Lester Young na orquestra de Count Basie. Tocou no conjunto de Dizzy Gillespie e depois no de Charlie Parker. Como se vê, o homem era fera. Morreu aos 60 anos, de câncer no pulmão, na Holanda, onde estava morando há alguns anos, depois de uma temporada em Paris. As duas músicas que ele toca no CD são clássicos do jazz: "Moonlight In Vermont! (Sussedorf e Blackburn) e "All The Thing You Are" (J. Kern e O. Hammerstein).
O último dos quatro grandes desse CD é Johnny Griffin. Apelidado de Pequeno Gigante por sua baixa estatura e estilo vigoroso, a carreira de Griffin começou em meados da década de 1940 e continuou até o mês de sua morte, em julho de 2008, aos 80 anos. Ele fez parte do grande time de talentosos saxofonistas que surgiram durante os anos 1930 e 1940 e que vieram a fazer parte da explosão de talentos do pós-guerra que implicou nas novas direções do jazz. Aqui ele toca "All Throught The Night" (Cole Porter) e "Out Of This World" (H. Arlen e J. Mercer).
Um destaque à parte para todos os grupos que acompanham os sax-tenores: são da melhor qualidade, dentro da tradição do jazz norte-americano. Não encontrei o CD para reproduzir, mas ele está à venda ainda no Mercado Livre.
Por Ronaldo Faria
Disco com um som de arranhado a rodar e cantar meu Rio de Janeiro um ano antes de eu nascer. Em 1956, um tocar de três instrumentos a brincarem de música inaudita e infinita, iluminada e pródiga. Nas mesas, copos de vodka, gim ou bacardi. No mar, uma garota de Ipanema ainda se prepara para virar moda mundial. Ao som de Tenderly, mãos tupiniquins dão os acordes da noite. Casais tocam as mãos, os lábios senão. Carros brincam de seguir a orla que desenrola marés e mares e enrola corpos e ares mil. A proximidade de duas bocas as fazem roucas, unem línguas e vão, à mingua, para onde for o odor ou a dor. No meio de tudo, creiam, há amor. No computador que virou vitrola, a música rola a mil e enrola o poeta quase senil. Na Valsa de uma Cidade, pode haver tudo, menos maldade. Certamente muita saudade do que foi, daquilo que seria e do tão pouco que as sereias de biquínis mostram num andar pelas calçadas ao louco que as vê passar.
Por Edmilson Siqueira
Mais uma seleção de jazz muito bem escolhida num CD da Som Livre e com uma grata supressa para quem quer saber quem são os intérpretes e gosta de conhecer as letras das músicas: um encarte muito bem elaborado. O CD se chama New Jazz e, embora seja jazz - e dos bons - não é tão "new" assim, mesmo em 2005, quando foi lançado.
Jamie Cullun que canta e toca piano na primeira faixa - "Twentysomething", de sua autoria - por exemplo, pode ser considerado uma novidade à época, pois em 2005 tinha 25 anos. Mas John Pizzarelli que comparece com sua guitarra e vocal na segunda música - "I'm Your Guy", dele mesmo e de Gorver Kemble -, já estava com 34 anos quando gravou essa música e tinha vários LPs na praça, inclusive dois sensacionais dedicados à nossa bossa nova.
A quarta faixa é um belo duo com as vozes de Reneé Olstead e Peter Cincotti. No caso é ele cantando no disco dela, gravado em 2004, quando Reneé tinha apenas 25 anos. Reneé gravou até hoje apenas cinco discos de jazz, tendo dedicado sua carreira mais a filmes no cinema e na televisão. Mas é ótima cantora.
Toda a classe de Steve Tyrel está na quinta faixa do disco - "I've Got A Crush On You", de George e Ira Gershwin. É uma das melhores gravações desse clássico dos irmãos Gershwin, escrito quando a palavra "crush" ainda não era usada, pelo menos no Brasil, com o sentido que tem hoje, era apenas um refrigerante.
A grande Diane Krall também está presente na ótima seleção, com seu sucesso "Let's Fall In Lover, de Harold Arlen e Ted Koehler, gravado em 1998 e que fez parte do disco "When I Look In Your Eyes".
Jane Monheit está hoje com 44 anos, mas quando surgiu ganhou prêmios e, logo depois, mais madura, chegou a ser comparada a Diana Krall e Ella Fitzgerald. A música que ela canta aqui é "Love Me Or Leave Me" (Donaldson e Kahn), um clássico do jazz.
O consagrado Michael Bublé é outros dos grandes cantores que comparecem nesse disco. E vem com um de seus maiores sucessos: "For Once In My Life", de R. Muller e O. Muiden, gravado em 2003 no disco que leva seu nome. A música, que já era um clássico do jazz, ganhou um novo fôlego com Michael.
O genial saxofonista David Sanborn convidou a cantora Lizz Wright para juntos apresentarem o sucesso que James Taylor compôs - "Don't Let Me Lonely Tonight" - e o fazem de maneira apaixonante. Uma das melhores faixas do disco, apesar da seríssima concorrência.
April Barrows gravou a música seguinte aos 42 anos, ou seja, no auge da forma. "My Dream Is You" foi a música que deu o título ao álbum gravado em 1996. O que temos aqui é uma cantora sofisticada e madura nos dando um belo exemplo de uma interpretação leve e prazerosa.
A faixa número onze foge um pouco ao jazz mais tradicional, esbarra no pop com pitadas de blues. Mas tem dois grandes artistas a executá-la: a voz marcante de Norah Jones e a talentosa guitarra de Peter Malick. A música é a ótima e amargurada "New York City", do próprio Peter.
O encarte do disco afirma que mesmo antes de nascer, Gwyneth Herbert já ouvia música. Sua mãe, grávida, ouvia muito Steve Wonder e Carole King. E, depois de nascer, seu pai cantava Ray Charles e Paul Robeson para fazê-la dormir. E, claro, aos três anos, começou a aprender piano. A música que ela canta aqui é "Almost Like Being In Love" de Alan Jay Lerner e Frederick Loewe.
Outra que começou cedo é Alma Thomas. Novaiorquina, aos 7 anos já cantava em corais. Depois passou por óperas encenadas e teatro, até encontrar sua vocação no jazz. Só que hoje ela é praticamente brasileira, pois se casou com brasileiro, vive no Brasil e estreou em disco com essa faixa dessa coletânea de jazz: "Here's Your Chance", pareceria entre ela e o marido Pedro Milman, que também é pianista e arranjador. Nada melhor que ouvirmos a estreia de uma ótima cantora.
E, por fim, na décima-quarta faixa, outro brasileiro: Peter Jones. Segundo o encarte, trata-se da segunda música que ele interpreta a chegar nas paradas. Ele canta no "Sinatra's style", e bem. A música é "Where Or When", de Richard Rodgers e Lorenz Hartz, tema do filme Babes in Arms.
O disco ainda está à venda nos bons sites do ramo.
Por Ronaldo Faria
Dois cantores se encantam de entrelaçar sons e tracejar claves de sol
numa noite qualquer. Entre as notas denota-se o refrão. No verso translúcido da
sofreguidão, a descrente canção.
Por Edmilson Siqueira
Uma vez, há um bom tempo, movido pelo entusiasmo, comprei um CD da Diana Krall direto do site dela. Só depois percebi que o preço do frete - do Canadá até minha casa! - superava o preço que havia pago no CD. E em dólares. O CD comprado se mostrou à altura da grande cantora, pianista e compositora, mas no pacote que abri havia um brinde. E esse brinde praticamente compensou o preço elevado que paguei.
O brinde era mais um CD, distribuído pela Verve e produzido pela Desert Land Discs. Só uma capinha fina, de papelão, mas nele há 10 músicas cantadas por 12 artistas que podem ser considerados quase um Olimpo do jazz. Só grandes artistas cantando e tocando grandes clássicos do jazz.
Outra dupla, esse legendária, aparece na quarta faixa. John Coltrane e Johnny Hartman, tocando e cantando uma faixa do LP que gravaram juntos só com baladas românticas. "You Are Too Beautiful" foi a faixa selecionada.
A eterna Billie Holiday não poderia faltar. E ele comparece com "I Must Have That Man!", do clássico disco Lady Sing The Blues". John Coltrane volta, agora só com sua maestria no sax, para interpretar "Acknowledgement".
A primeira participação de um brasileiro surge na faixa seguinte. Do Disco Stan Getz/João Gilberto, gravado pela Verve Music, foi extraído o sucesso mundial "Só Danço Samba".
Sarah Vaughan preenche a oitava faixa do CD, com You're Not The Kind", sucesso dela nos EUA e em boa parte do mundo.
O segundo brasileiro a aparecer no disco não poderia ser outro a não ser nosso maestro soberano, Tom Jobim. Ele toca "Once I Loved", título em em inglês para "Amor Em Paz".
E pra encerrar a fina seleção, temos a volta de Ella Fitzgerald com o clássico "The Lady Is A Tramp".
Como se vê, o "disquinho" que veio de brinde é coisa de gente grande. Ele está à venda em https://www.discogs.com/master/623051-Various-Desert-Island-Discs-Music-You-Gotta-Have (é importado e tem uma faixa a mais "But Not For Me", com Diana Krall) e, infelizmente, não o encontrei à disposição no YouTube para ser ouvido.
Por Ronaldo Faria O bar está fechado. Parece há tempo. Mas Hermínio não se dá por vencido. Enquanto houver uma sede por beber, beber-se-á. ...