Por Ronaldo Faria
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023
Chico e Ney
terça-feira, 7 de fevereiro de 2023
Hamilton de Holanda
Por Ronaldo Faria
Dedilhar e tirar do som de cordas e madeira uma emoção sem eira e nem beira, coisa que brinda os ouvidos como mera brincadeira. Talvez uma ilusão, sobremaneira, um sonho de ilusória centelha. Uma versão inverossímil da chegada da inexistente felicidade que escorre à cheia de um rio negro que a vida traz na sua esteira.
-- Achei que morreria hoje e
iria rever minha filha. O braço dormente, o choro latente, a tristeza pungente,
tudo como uma vertente inconsequente que a trema não treme mais. Não foi. À espera
no que sei ainda virá...
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023
Geraldo Azevedo
Por Ronaldo Faria
Só pra dizer que Geraldo Azevedo é muito foda! Mais ainda. Muito além de fodão! Obrigado por ter te conhecido há décadas. Minha "poesia" seria bem menor sem a sua verdadeira poesia.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023
Guinga e Paulo Sérgio Santos
Por Ronaldo Faria
Notas denotadas de sabor
auditivo e pueril revelação de tudo um pouco no pouco tanto que o quase nada
traveste de muito. Quem sabe uma ilusão infinita que roda na madrugada louca de
lua cheia a segurar a fita carmim que sobremaneira permeia a doce brisa que
corre longínqua. Aqui, na pequena parte que o aparte apraz e dá, me solto num
imbróglio de não saber se vale a pena viver ou morrer. Termino cada segundo
como o taciturno palhaço a rir de si mesmo, ensimesmado e a esmo.
Botas cheias de barro de uma
chuva tardia e seca, ensacada na pilhéria etérea que a saudade permeia e doa.
Que dói e corrói. No espernear da música erudita/popular. Feito pipoca que o
feitor joga para os pombos e púberes seres que anseiam o semear de milhos e
moças de pernas faceiras e abertas. Nas feiras fulgentes e dominicais um cais
afasta a fresta da derradeira festa que esconde a cama onde corpos delimitarão
o lugar em que se deve deixar a tristeza e o dormir do depois a ressonar.
Um violão, uma clarineta, um
solfejo soberbo de se esmerar por qualquer lugar. Na lucidez da loucura
sepulcral, o silêncio que irrompe na noite fria que se esfria para receber o
resto de luz solar. Quem sabe a soberba do amor infiel, a loucura da traição em
fel, a ilusória sapiência que a ignorância do amanhã desfaz. No dedo perdido e
bêbado que suja as lentes dos óculos, um pedaço de ósculos nunca dados, traquejos
de suores lavados, gracejos de bocas sujas das línguas que tanto, no entanto, se
cruzaram.
No limiar de arranjos e anjos
tresloucados e calados, palavras infinitas no finito falar definitivo do altivo
bêbado que se faz poeta e presto. Quem sabe um viajante que arfa na geografia
de um corpo que desce no gole que o copo permite e dá. Um infante infame que faz
da fome a rosa que desabrocha entre as coxas desnudas e soltas da amante
infante que volta a cada noite e que desfaz a realidade em pedaços de sono mal
dormido, carcomido de minutos moribundos e brandos do corpo ao lado.
Afinal, tudo passa rápido e,
como um incauto, grandiloquente e demente, temente de cair do trapézio num
picadeiro inexistente, vou a brincar de ninguém. Um arauto e infausto ser a
descer no inferno eterno onde o demônio, solene, nos espera de terno. Assim,
quem sabe, criança e nada ser, me faça vivente numa esfera que a saudade de um tempo
permeie de fugazes saudades e cicatrizes que vêm e vão como um trem fora dos trilhos,
descarrilhado e solto para viver até aonde sua fumaça o levar.
Assim, no torpor que se repete a cada voz e verso, temporão de um tempo que tinha quitanda, luz de lampião e palavra vã, vou transpondo estradas de terra, mares e marés, ondas cheias de espuma densa, rios negros e invasores, senhores de sua fúria a voltear saudades infindas e crenças distintas de algo que a ampulheta da areia de anos e horas verteu. Por fim, no infindo crer que algo poderá haver, vou fluindo na imensidão que a loucura e a ternura ainda me dão. Um dia qualquer me entrego à eterna solidão.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2023
Kleiton e Kledir
Por Ronaldo Faria
“A fonte da saudade nem o tempo vai secar”.
sábado, 28 de janeiro de 2023
As questões inquestionáveis
Por Ronaldo Faria
Dedos, onde dedilhar?
quinta-feira, 26 de janeiro de 2023
Suzana, Ivan e Lenine - Enternecedor
Por Ronaldo Faria
A efeméride da felicidade é
finita. Já dizia o poeta que tristeza não tem fim. Razão maldita e infinita,
infindável e insoldável. Uma coisa de saudade mísera e incontrolável, que
demanda lágrimas e um vazio inominável, inenarrável. Dessas coisas que se tem
sem saber porque. Que se esvai em cada batida de coração que teima em respirar
o mesmo espaço onde antes o sorriso vertia. E haja desejo de tudo ter fim. De
um reencontro que, sabe-se desde já, nunca acontecerá. Mas como eu quisera errado
estar...
A ouvir e ver Suzana Salles, Ivan Vilela e Lenine Santos.
terça-feira, 24 de janeiro de 2023
sexta-feira, 20 de janeiro de 2023
Ao grande, inominável, João Nogueira
Por Ronaldo Faria
Ele pegou o primeiro ônibus que veio. Com hora marcada para ir e voltar. No ato, o asfalto pipocava milho transgênico e torrava ovo quebrado de sobressalto. A fumaça subia feito mato queimado. Tinha cheiro bom e fuligem ruim. Mas cadê a coragem de andar mais do que aquilo que se anda para viver? O sol, milimétrico e hermético em sua inconsequente forma de cozinhar neurônios, despeja suor pelo corpo e deixa sua trilha de passos largos e difíceis no subir e descer de ladeiras e benzedeiras.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2023
terça-feira, 17 de janeiro de 2023
Estar mil em bem pior, ou será Belchior?
Por Ronaldo Faria
No cheiro esmerado e guardado, rasgado e posto em queima num incenso qualquer, rola quem sabe Woodstock ou Janis Joplin. Senão, a simples e simplória paixão de uma filosofia. Se o fim de tudo é a morte, essa inconsequente e quente efeméride sem bolas de inflar e bolos de chocolate recheados de glacê, que chegue logo, em encanto. Num canto de apartamento qualquer, o corpo caído e flácido, temático, se tornará andador do novo andor.
No copo que faz demorar o demérito da bebida quente, o frigir de óvulos quando bate nos dentes da arcada debaixo. A reverenciar o passado, o escândalo da insurgente gente que nos recantos sem encantos se tornam tragédias, comédias e cantos. Talvez esmeris que troca poesia por sílabas e forja inodoras lembranças nas tranças da amada, ou nada. Menos de duas horas e já se fez história. E a despedida, catatônica, atônita cambaleante reverbera.
No campo tem uma flor que se chama gérbera. E sei lá se brota rápido ou se desconexa do sol da primavera. Pra mim, tanto faz ou tanto fez. No Canal de Suez, a morte briga para ter paz como tem a cana que morre no bagaço do engenho prenhe. Daqui, a limpar o teclado do fado que as gotas da embriaguez dão, vejo como a vida é foda. Entre a horda que busca a horta para curar a larica advinda, a cerveja voa para fora do copo. Insana e eólica tragédia.
No último beijo imperfeito, a mulher diz que é difícil voltar à realidade. Na cidade urbana e doidivanas, a trama de querer sobreviver amiúde. Embriagado, travado, cravado, gravado e postergado de si mesmo, o homem viaja nas loucuras que a brandura do anoitecer faz e fez. E volta às amargas saudades e lembranças. Em suas andanças febris e poéticas, lembra as amantes e infinitas pessoas. No fim, entoa a tragicomédia que a Cinédia não quis filmar.
Emílio Santiago: de repente, um grande sucesso
Por Edmilson Siqueira
Emílio Santiago foi, sem dúvida, um dos melhores cantores que o Brasil já conheceu. Sua voz segura, afinadíssima e a presença marcante fizeram desse carioca nascido em 1946, um grande vendedor de discos e um criador de vários sucessos e, além de levar novamente às paradas ótimas regravações de músicas mais antigas.
Mas nem sempre foi assim. Contratado pela Phillips-Polygram em 1975, depois de gravar um LP pela CID, ficou por lá durante dez anos, lançando um LP por ano e vendendo, no máximo, 10 mil cópias, um número bem baixo para o tamanho do Brasil.
Seu produtor à época era Roberto Menescal que, segundo depoimento dado ao programa Starling Cast, jamais conseguiu que Emílio gravasse um disco do jeito que ele pensava ser melhor. "Meu público não aceita esse tipo de música", dizia Emílio a Menescal.
Roberto Menescal era um produtor de sucesso e só saiu da Polygram para se associar a um amigo e criar uma produtora própria. E o primeiro cantor que procuraram para um novo projeto foi justamente Emílio Santiago. Por quê? Menescal disse que foi um guru que lhe soprou que, não havendo nada de novo já perto do fim do século, ele teria de apostar em algo já existente para fazer sucesso.
Emílio hesitou a princípio abraçar o projeto de Menescal e seu sócio, dizendo que não era seu estilo e que seu público não iria gostar. O sócio, segundo Menescal, foi mais incisivo: "Que público, Emílio? Aquela meia dúzia de pessoas eu vi ontem na plateia?" Diante da realidade, Emílio pediu para pensar. Menescal aproveitou: "Você tem até amanhã para decidir. É pegar ou largar!"
Acho que os deuses da música interferiram na cabeça de Emílio naquela noite e, no dia seguinte, ele topou.
Resultado: o disco do projeto que recebeu o nome de Aquarela Brasileira foi um sucesso e vendeu 850 mil cópias. E o projeto que era pra ser de um disco só, virou mais seis, vendendo perto de 6 milhões de cópias.
"A ideia era simples: regravar músicas que foram sucesso, sem solo praticamente, é um show em que o cara canta o tempo todo", revelou Menescal no programa. E disse ainda que Emílio, que "dormia num sofá-cama", um ano depois estava morando numa cobertura duplex em Copacabana e ficou milionário, tantos foram os discos vendidos e os shows que fez pelo Brasil afora. Depois dos sete Aquarela Brasileira, Emílio ainda gravou mais treze LPs, até 2011.
No dia 7 de março de 2013, Emílio deu entrada no Hospital Samaritano, em Botafogo, onde ficou internado na UTI após sofrer um acidente vascular cerebral. Ele morreu às 6h30 da manhã do dia 20 de março de 2013, aos 66 anos, por complicações no quadro clínico de AVC isquêmico, na falta de circulação sanguínea no cérebro.
Muitos dos discos de Emílio Santiago estão disponíveis tanto para compra, nos bons sites do ramo, como para ouvir no YouTube e outras plataformas de música.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2023
Quase lá
Por Ronaldo Faria
(Ao som do Barão Vermelho)
Perto, perto, perto, muito perto e tão longe, tantã no afã, híbrido e louco. Pesadelos reais e recorrentes a cada dia, insofismáveis verdades que irrompem de dentro, sabe-se lá de onde. Aos poucos, a chegada da ferida que não sara, a vontade insana de rever a filha, a tristeza que lateja e sobrevive sem derrear. Talvez falte pouco, bem pouco, num desejo inclemente e profano de sair do jogo. Como fim de campeonato, não importa sequer para aonde a bola rola. Mesmo se há bola. Resta agora a vontade da degola, do gole inquieto, do despertar do feto da morte. A saudade é maior do que tudo. O vazio é impreenchível. E foda-se o que for dito depois que eu me for. Doente, depressivo, inconsequente, doente mental. De boa, caguei geral. Quero apenas juntar as cinzas de um e do outro animal. Depois e daí, seja o que for, na alegria que vier ou na obscura e verdadeira dor...
sábado, 14 de janeiro de 2023
Pro Zeca Baleiro
Por Ronaldo Faria
Lua lunar que vagueia no crescer dissonante como uma balada no asfalto, porque escondes o rosto em desgosto de abandonar o lar que era uma pocilga proscrita em indelével quadro de fotograma só? Jeito de frágil e ágil na fuga para o nada, onde estarão teus beijos sem amor? O que dizer da saudade e o que falar da volátil realidade de se estar vivo por segundos e dor? Hoje, perguntas se fundem e se unem em quadrantes alcoólicos e torpes, entorpecidas lacunas em plêiade singular na busca do melhor verso, em presto, pronto para dizer tudo sem nada falar. Tudo como um irreal e volátil desejo de ser. Sem asco, o mendigo dorme nos beirais e esquinas da vida.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2023
Zé da Velha e Silvério Pontes: perfeitos
Por Edmilson Siqueira
Na contracapa, uma apresentação dos dois músicos autores desse disco, mostra bem o que se ouvirá quando a música começa: um trabalho da melhor qualidade que mistura as raízes da música popular brasileira com a qualidade de dois instrumentistas que, sozinhos, já seriam antológicos. Juntos, formam uma espécie de parceria perfeita.
Zé da Velha e Silvério Pontes têm vários discos gravados, mas vamos falar aqui de um só, cujo título é "Ele e Eu", o que já diz muito sobre a afinidade de ambos.
Mas, diz o encarte: "A nossa grande afinidade musical resulta num trabalho novo, com uma sonoridade contemporânea, sempre em busca de novos caminhos. Alegre e vibrante, nossa música é boa para ouvir e boa pra dançar. Não vamos deitar na sombra do boi. Queremos estar sempre renovando nosso trabalho, sem fugir às origens." (Zé da Velha)
"É um casamento perfeito. Um olha para o outro e a música sai, espontânea. A cada vez que ticamos uma melodia, ela sai diferente." (Silvério Pontes)
O repertório é recheado de choros e sambas clássicos da nossa MPB. São 13 faixas que começam com "Flamengo" de Bonfiglio de Oliveira e segue com "Ela e Eu", de Pixinguinha e Benedito Lacerda; "Voltei ao Meu Lugar" de Ivan Paulo da Silva; "Pecado Capital", de Paulinho da Viola; "A César o que É de César", de Bonfiglio de Oliveira; "Cordas de Aço", de Cartola; "O Trombonista Romântico", de Carlos Lima do Espírito Santo; "Falsa Bahiana", de Geraldo Pereira; "Degraus da Vida", de Nelson Cavaquinho, Antonio Braga e César Brasil; "Sem Compromisso", de Geraldo Pereira e Nelson Triqueiro; "Cheguei", de Pixinguinha e Benedito Lacerda e "Alvorada", de Cartola, Carlos Cachaça e Hermínio Bello de Carvalho.
Uma coleção de músicas irrepreensível, que mostram não só a riqueza melódica da música brasileira como o talento de dois instrumentistas que representam, junto a um excelente time de músicos, a resistência da boa MPB que ultrapassa e supera qualquer modismo passageiro.
O enterro da Jacinta
Por Ronaldo Faria - Você só pode estar de sacanagem querendo que eu vá ao enterro da Jacinta. Sinto muito, mas eu é que não vou! - Mas, C...
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Por Edmilson Siqueira Sergio Mendes é, sem dúvida, o mais bem sucedido artista brasileiro no exterior. E não só nos Estados Unidos. Seus di...
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Por Ronaldo Faria O CD Cazas de Cazuza – A Ópera-Rock é de 2000. Dez anos após a sua morte, vítima da Aids. Dos discos que homenagearam d...