sexta-feira, 8 de julho de 2022

A Elza Soares e Lupicínio Rodrigues

 Por Ronaldo Faria

Saudade, essa maldade que apunhala em cada ferida que nunca fechou e sangra feito chuva de primavera, entre flores, espinhos e pétalas caídas no chão. Coisa de versos frios e palavras sem valor. Talvez um acabrunhado amante em descalabros que apenas os apaixonados sabem balbuciar em bocas e lábios molhados dos beijos alternados de sabor e dor. Na esquina próxima, um próximo e ensandecido dissabor espera quieto o iluminar de sedas e corpos, de copos e peles desnudas a se misturarem em dry Martini, quiçá. Talvez um tocar último a ultimar a separação que entre o fato e a ação transbordam de carícias e vozes caladas o limiar entre a dança e o último acorde a tocar. Daqui, te toco em gestos prestos e afetos derradeiros, infinitos ao incandescente refletor. Saudade, esse impropério que vai de boca em boca a vitimizar os erros que só os amantes sabem decifrar. E seguem crianças e sonhadores como se fosse a vida uma mistura de ópio e espelho que nunca há o que mirar.

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