Por Ronaldo Faria
Marisa acorda na manhã que
descortina na cortina púrpura que esconde os raios de sol no seu quarto e sala.
Manhã de artimanhas mil e manhas que certamente verterão do chão. Algumas serão
vorazes ilusões e outras tantas coisas simples ilusão. Talvez uma lágrima aqui,
um sorriso ali, ao fim de tudo o murmúrio que desagua na resenha. Mas se o tema
é nostalgia, haverá uma rã a virar jia. A solaridade
ressurgirá em orgia.
Marisa levanta e lava o rosto,
tira o bafo da boca em espumas e a escova de dentes, banha seu corpo nu e cheio
de maravilhas, prepara o rolê pra se acabar na academia que diz ser fitness. O
sol, esse ser indecente que chega pra queimar meio mundo e destruir mil lenços
de papel em suores mil, já deturpa a temperatura que a pessoa atura enquanto
durar. Na estação do etéreo rádio, gente nova mostra que a música sobrevive.
Marisa bate a porta e fecha com
a chave a penetrar a fechadura virgem de antídotos o seu lar. O elevador se eleva
e depois desce para o asfalto sete andares abaixo. No portão, a senhora de
andador dá bom dia e suplica que nas próximas horas não sinta dor. Até a
academia serão 738 passos, contados e recontados. Três paradas nas esquinas. Talvez
um transeunte mais afoito dirá que ela é gostosa demais para tanto fluído.
Marisa malha e se pesa, sua e
retoca a maquiagem no banheiro. Sai do prédio onde várias dezenas de corpos
incorporam o desejo do desejo chegar e vai de volta ao apartamento. Lá, sem
lamento, põe o biquíni, a canga e se atira para a praia. Serão 1.047 passos. Na
escultura que é à cultura da beleza plena, vê que olhos libidinosos a comem sem
pedir permissão. Com os pés na areia que torra plantas, é a mais nova sereia.
Marisa se deita de costas. O
sol pede algumas nuvens para detê-lo de queimar além do bronzeado formal o
corpo estonteante que se faz poesia e melodia informal. Mais iguais houvesse,
versos e canções explodiriam nos ouvidos da bela para conquistá-la. Ao longe,
na longitudinal esquina que esconde o bem ou o mal, a vida se declara feliz por
fazer parte da cena. No carrinho de sorvete, o Chicabon se derrete mortal.
(Aos tantos bons da MPB que surgem no dia a dia)
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