Tony Bennet nos deixou em julho de 2023, depois de uma
das carreiras de maior sucesso na música norte-americana e, consequentemente,
na música mundial. Sua trajetória foi singular, repleta de elegância, técnica
refinada e, claro, uma paixão inabalável pela música.
Ele deixou uma vasta e de ótima qualidade discografia, em
61 álbuns de estúdio, 11 ao vivo, 33 de compilação, três de vídeo e 83
singles.
Um dos mais vendidos, premiado com o Disco de Platina,
foi "Tony Bennett Unplugged", gravado em abril de 1994 para a
renomada série MTV Unplugged. Além desse prêmio, recebeu também o Grammy por
melhor performance vocal e também com álbum do ano.
O disco acabou representando um marco na carreira do
artista, ao demonstrar como a simplicidade dos arranjos acústicos pode revelar
a profundidade emocional e a autenticidade de sua interpretação. Em meio ao
cenário musical dos anos 90, quando o gênero pop dominava as paradas, a
proposta de uma performance desplugada serviu para reafirmar a relevância de um
legado que transcende modismos e gerações.
Acompanhado apenas de piano (Ralph Sharon), contrabaixo
(Doug Richeson) e bateria (Clayton Cameron), o show gravado ao vivo para a MTV
se transformou num dos melhores discos de pop e jazz do ano.
No ambiente intimista
criado pela MTV Unplugged, Tony Bennett se permite explorar os clássicos de seu
repertório com uma abordagem mais pessoal e direta, deixando de lado os
artifícios tecnológicos para valorizar, sobretudo, a pureza de sua voz e a
sensibilidade de suas interpretações. Cada canção é tratada com um cuidado
especial: os arranjos simples destacam os detalhes de sua performance,
ressaltando nuances e inflexões que, em gravações mais elaboradas, poderiam até
passar despercebidas.
Então, o que temos é um Tony Bennett praticamente
reinventado, mas sem abandonar as raízes de sua carreira, mantendo-se fiel à
tradição do jazz e da música popular americana.
Outro detalhe importante é que a produção do álbum foi
cuidadosamente planejada para criar uma atmosfera de proximidade com o público.
O público ao vivo, que o aplaude com prazer, faz com o que ouvinte do disco se
sinta inserido na plateia do palco onde o lendário cantor se apresenta.
Acho até que ao optar por não recorrer a arranjos
grandiosos (ele poderia botar ali uma orquestra completa que continuaria
"unplugged"), Tony Bennett reforça a ideia de que a música pode se
expressar também de forma simples, mas com muita emoção e qualidade.
E a presença de um artista consagrado, cujo público à
época já era bem mais idoso que a moçada que assistia à MTV, acabou
proporcionando que novos admiradores se incorporassem à sua legião de fãs. Para
tanto, o palco foi preenchido com uma iluminação suave e um cenário despojado,
ressaltando a figura do cantor.
Mas, talvez o ponto de maior destaque - além da
performance perfeita de Tony - foi o repertório escolhido para a gravação.
Foram selecionadas canções que marcaram sua história pessoal e profissional,
mesclando clássicos que se tornaram hinos de gerações com interpretações que,
mesmo revisitando o passado, ganharam novo fôlego na performance acústica. A
universalidade dos temas abordados, que falam de amor, saudade e esperança,
contribuiu para que o álbum ultrapasse barreiras temporais, reafirmando a
música (a boa música, diga-se) como linguagem universal.
Resumindo, Tony Bennett Unplugged não é apenas um
registro de uma apresentação ao vivo; é uma obra que celebra a perenidade da
boa música e a habilidade única de um artista que soube, ao longo dos anos,
reinventar-se sem jamais perder sua identidade.
O prazer de ouvir esse disco é dividido em nada menos que
20 faixas, todas elas magnificamente interpretadas. A lista é seguinte:
"Old Devil Moon" (E.Y. Harburg, Burton
Lane)
"Speak Low" (Ogden Nash, Kurt Weill)
"It Had to Be You" (Isham Jones, Gus Kahn)
"I Love a Piano" (Irving Berlin)
"It Amazes Me" (Cy Coleman, Carolyn Leigh)
"The Girl I Love" (George Gershwin, Ira
Gershwin)
"Fly Me to the Moon" (Bart Howard)
"You're All the World to Me" (Lane, Alan Jay
Lerner)
"Rags to Riches" (Richard Adler, Jerry
Ross)
"When Joanna Loved Me" (Jack Segal, Robert
Wells)
"The Good Life" / "I Wanna Be Around"
(Sacha Distel, Jack Reardon)/(Johnny Mercer, Sadie Vimmerstedt)
"I Left My Heart in San Francisco" (George
Cory, Douglass Cross)
"Steppin' Out with My Baby" (Irving Berlin)
"Moonglow" (Eddie DeLange, Will Hudson, Irving
Mills) Participação especial de k.d. lang
"They Can't Take That Away from Me" (G.
Gershwin, I. Gershwin) Particiapção especial de Elvis Costello
"A Foggy Day" (G. Gershwin, I. Gershwin)
"All of You" (Cole Porter)
"Body and Soul" (Frank Eyton, Johnny Green,
Edward Heyman, Robert Sour)
"It Don't Mean a Thing (If It Ain't Got That
Swing)" (Duke Ellington, Mills)
"Autumn Leaves" / "Indian Summer"
(Joseph Kosma, Johnny Mercer, Jacques Prévert / Al Dubin, Victor Herbert)
O disco ou o DVD podem ser comprados nos bons sites do
ramo e pode ser ouvido – e visto – na íntegra no YouTube em https://www.youtube.com/watch?v=eTwxh3heBEs&list=PL3ME_UgKBYJ9BtKYU3RMXW8STg24www4D
.
*A pesquisa para este artigo foi auxiliada
pela IA do ChatGPT.
Nenhum comentário:
Postar um comentário