Por Ronaldo Faria
quarta-feira, 17 de julho de 2024
Floriano, que a flora te dê flores
terça-feira, 16 de julho de 2024
O estranho e admirável Thelonious Monk
segunda-feira, 15 de julho de 2024
Madrugada na tarde com Leny Andrade e Cesar Camargo Mariano
Por Ronaldo Faria
A madrugada, tragada de blasfêmias e pecados, tratados e translúcidos recados, vocifera que logo chegará a aconchegar corpos, deitar em camas profanas e viajar num tempo que não é o seu, e muito menos de Orfeu. Quem, em sã consciência, dormirá às cinco da tarde? Logo agora em que transitam tantos pleonasmos, tantos sentimentos, tantas coisas que a gente não sabe de onde vem. Certamente, na mente abstrata que nada trata, o negror é a síntese da poesia e da dor, do amor.
A madrugada deixa a poesia mais volátil, tátil, com cheiro de fim e cor de algo a mais, mesmo que o mais seja assim, eu em mim. Afinal, no final tardio e urdido de lamúrias e alguém de Astúrias, vale a primazia que a aspirina de amanhã trará. Para os tantos acalantos e lamentos, astrofísicos e atrofiados desejos, o que vale é o ensejo que pode vir de si mesmo ou do primata Redentor. Agora, com a azia antecipada, constipada talvez, espero somente a minha vez de ser feliz.
sábado, 13 de julho de 2024
Ao som de Vinicius e Toquinho
Por Ronaldo Faria
Vem, Vinicius de Moraes. Venham tardes de prazer, de fugas do mundo e viver. Vem amor que nunca se foi. Venham promessas cegas, carnavais passados, areias de pés molhados. Vem mulher da cidade, caipira ou do exterior. Venham medos e tragédias, alegrias e comédias, copos de beber saudades e prazer. Vem ilusão de ser feliz. Venham, depois e, pois, as noites mal dormidas, as anginas, as chuvas desgrenhadas.
Vem, poetinha. Venham letras e rimas, rumos e sinas, cataclismos e orgias. Vem pirotecnia do antes no fechar de cortinas do espetáculo. Venham universos de versos, versículos temerosos do pecado, incongruentes e ausentes na esquina finda. Vem corpo ereto, deitado ou tosco no tosquiar do amor. Venham conquistas ínfimas, vitórias ganhas no grito, derrotas no apito. Vem decágono que o coágulo do coração não deixa de habitar. Venham dez histórias, dez blasfêmias, dez fêmeas de nunca esquecer.
Vem, branco mais preto do Brasil na linha direta de Xangô. Venham goles a olhar os olhos da amada, risos de quem sabe tudo e nada, luares repletos de luzes na escuridão do céu. Vem mar em maresia plena. Venham Iemanjá, Marias, Anunciações e Carolinas. Vem próxima musa, reclusa nalgum lugar nunca visto e nem antes descoberto. Venham lençóis amarrotados, sóis alumiados, nuvens a voarem num universo largado. Vem o que tiver de vir, porque estarei, só pra variar, aqui. Venham toscas namoradas sem muita espera, sem cair da esfera, sem acordar a fera que dorme dentro de mim.
Vem, Vinicius amoral e fatalista, fatal. Venham lamúrias que nos encontram no após do depois, fúrias da separação e da canção, unção famélica da tristeza e da melancolia. Vem morena que caminha a enlouquecer os marmanjos em seus meandros. Venham medos desprovidos de certeza, cuidados mil na rosa que há muito despetalou, visões plúmbeas de um horizonte que parece simples. Vem estrada já seguida e evitada. Venham visões polares que a íris começa a embranquecer, delírios do garoto de colchas de retalhos, alhos e bugalhos.
Vem, poetinha. Venham loucuras que o álcool dá, dádivas que a certeza da morte dão no ouvir de outro Ronaldo que era freguês de sebo como eu. Vem aquilo que tiver de ter sido. Venham corpos amorfos, cinzas esperadas, vermes que possam ter subtraído a vida e da sorte. Vem barco que ainda espera o porto de chegar. Venham mulheres cheias de saudade a esperar o marinheiro fagueiro, os presentes do Oriente, falácias que se conta quando não há nada a contar. Vem universo reverso e sagaz. Venham garimpeiros de músicas, catadores de emoções, buscadores de torvelinhas paixões astrais.
O mundo nos espera. Ele vos espera. Em terra.
quinta-feira, 11 de julho de 2024
Praguejo em samba-funk
Por Ronaldo Faria
terça-feira, 9 de julho de 2024
Natal de raiz
Por Ronaldo Faria
segunda-feira, 8 de julho de 2024
Muito prazer Bruna Caran
Eu não conhecia Bruna Caran, mas isso é coisa de alguém já na terceira idade que se fechou um pouco no jazz e nos grandes nomes brasileiros que começaram nos anos 60 do século passado e hoje estão com mais ou beirando os 80 anos. Ou já morreram. Claro que conheço bastante gente nova que fez ou faz coisas boas, mas são raros aqueles que chegam com a mesma qualidade de gerações passadas. Sei também que tem gente que eu nunca ouvi falar e que vendeu muito mais discos que os grandes do passado. Mas, para mim, número de vendas de disco nunca foi referência para a qualidade, no Brasil e, aliás, na maior parte do mundo.
Por essa e outras eu não conhecia Bruna Caran, uma intérprete que me surpreendeu com o excelente disco "Afeto e Luta", onde ela canta somente músicas de Gonzaguinha, esse cantor e compositor do primeiro time da MPB que, por uma desses azares da vida, nos deixou cedo, vítima de um acidente de carro.
Fiquei sabendo da existência dela porque recebi, de uma amiga, a Beth Ribeiro, um videozinho no WhatsApp onde ela conta a origem da música "O que é o que é?" o sambão de Gonzaguinha que ganhou as paradas e até hoje, depois de mais de 40 anos (foi lançado em 1982), ainda é sucesso por aí, sendo tocado e regravado constantemente. E merecidamente, diga-se, porque é delicioso.
Para quem, como eu, não sabia da origem dessa música, conto aqui rapidinho, conforme o depoimento da Bruna: Gonzaguinha mandou cartas para seus fãs com uma pergunta: o que é a vida pra você? Recebeu uma enxurrada de respostas, todas preservadas até hoje pela irmã do compositor, que é produtora artística. A carta que ele mais gostou era escrita com uma letra infantil que dizia que a vida para ele, um garoto de oito anos, era brincar, andar de bicicleta, e que, de qualquer jeito, a vida era bonita. Então Gonzaguinha resolveu abrir o samba, a capela, dizendo que prefere ficar com a resposta das crianças, a vida é bonita...
A partir do vídeo, fui saber quem era Bruna Caran e descobri que sua carreira já tem estrada. Nascida em Avaré (SP), filha de uma família extremamente musical, começou cedo as aulas de piano e canto. Aos nove anos passou a fazer parte dos Trovadores Mirins e em seguida dos Trovadores Urbanos. É formada em Música pela Unesp desde 2010 e toca, além de piano, violão, cavaquinho e acordeom. Não bastasse tudo isso, quando cresceu se tornou uma mulher extremamente bonita. Tanto que trabalhou na tevê como atriz.
E já gravou muita coisa. Foram quatro CDs antes desse "Afeto e Luta", com as músicas de Gonzaguinha, que agora deve se tornar um DVD, como "Alívio", um belo DVD gravado em 2021, que já contém o famoso samba de compositor.
A gravação de um disco inteiro com músicas de um artista que marcou época por seu talento que, com certeza, se vivo fosse, seria um nome ainda muito maior da MPB, é uma dessas esperanças que a gente acaba tendo diante de uma realidade onde a boa música passa longe dos ouvidos da maioria do público, que é massacrado por sucessos instantâneos que desaparecem no ano seguinte, junto com seus "cantores". Discos como "Afeto e Luta", além de nos dar muito prazer ao ouvir, incentivam bons compositores a continuarem tentando um lugar ao sol e isso é bom para a música e para a nossa cultura.
"Afeto e Luta" é muito bonito do começo ao fim. No YouTube você pode ouvi-lo inteiro: https://www.youtube.com/watch?v=nesBahHE0Mc. E o CD está à venda por aí, nos bons sites do ramo.
1. COM A PERNA NO MUNDO
2. VIVER, AMAR, VALEU
3. SANGRANDO
4. EXPLODE CORAÇÃO
5. BELO BALÃO
6. SEMENTES DO AMANHÃ (Participação de Leila Pinheiro e Nanan Gonzaga)
7. EU NEM LIGO (Participação de Zeca Baleiro)
8. REDESCOBRIR (Participação de Zé Renato)
9. É (Participação de Preta Ferreira)
10. CAMINHOS DO CORAÇÃO - Música incidental: A Vida do Viajante de Hervé Cordovil e Luiz Gonzaga - (Participação de Renato Braz).
sexta-feira, 5 de julho de 2024
Farelos de Emicida
Por Ronaldo Faria
Farelos de vira-latas caramelos se misturam com o inverso do universo onde o verso sai trôpego e trágico. Atávico, cármico, delirante, procrastina o que, numa tina vazia e entregue à azia, se enche de vinho e rotina na retina. Nesse plano, onde mapas e rotas viram restos no reto discreto projeto que nunca está ereto, o caminho é torto e difuso. Confuso. Na junção em que a oração musical torna tudo carnal e Carnaval fora de hora, o final em que milhares de letras e notas norteiam a poesia e o desmazelo que chegam sem zelo.
Farelos de anos que repousam quietos e tétricos, onde o profano é insano e a magia se volatiliza em frágeis momentos que os tormentos brincam de orações e orgias. Nas lamúrias do bêbado caído nas suas ruas sem esquinas, no flagelado que morre gelado no calor do inverno, a odisseia de navegar mil mares secos e milhares de ressequidas e esquecidas bocas vermelhas e tetas febris. No agora que já virou depois, presente cheio de passado, o amargo saber que há nessa história tanto de mim e pouco de você.
Farelos de farofas sem
perfume, oratória da amante que diz esperar que agora, no presente e no passado,
role na metrópole a orquestra de gaitas de fole. No rolê emblemático que
sobrevive há décadas na roda da Terra a rodar sem sair do lugar, centilhões de fonemas
e temas, loucuras e beijos e perdas que perdigotos derramaram à saliva salva
nos lençóis. A cantar, o menestrel de bordel deseja todas coxas. No olhar negro
de vilipêndios e compêndios, o largar que se esparrama nas tramas dos loucos
tremas mortos.
Farelos de logo mais é hora de parar de escrever e viajar, no garimpar de vírgulas e pontos, consoantes e vogais, coisas morais e amorais. Sevícias e vícios desconjurados e descomunais. Pelos canais dos rios e mares, veias que correm em sangue exangue, volúpias e coisas de quem se acha sagaz, o mistério da busca limítrofe entre a loucura e a paz. Nas avenidas desconexas que levam a nenhum lugar, casais juntados pelo amor tentam chegar e se achegar para na essência da madrugada doentia fazerem a vida desabrochar.
quarta-feira, 3 de julho de 2024
Saudade ao som de baião
Por Ronaldo Faria
Saudade, essa maldade malfadada peluda e pungente, que destrói a essência da gente. Que não nos deixa mais dormir em paz e se apraz por nada ser. E se transmuta muda a se rever em olhares negros e iguais de milhares de pixels que os olhos juntam mistérios e sofreguidão.
Saudade, palavra nossa, brasileira, rasteira, veemente e dormente, aos seres doentes à busca daquilo que se deixou perder. Iniqua e inócua no dicionário que nenhum vocabulário dá. Na margem da crença, a bênção da espera de juntar vidas e cinzas num único e efêmero amém.
terça-feira, 2 de julho de 2024
Pixinguinha, 100 Anos
Por Edmilson Siqueira
segunda-feira, 1 de julho de 2024
Presságio natalino
Por Ronaldo Faria
Daqui a uma semana, pensava Florêncio, montado no cavalo que seguia arfando os últimos metros da labuta animal, o ano vira. E o mundo vira outro mundo. Ou, como já disse um poeta, Viramundo. E tudo promete renascer: esperanças, crenças, as tranças de Maria, acalantos, prantos, despojos, jogos de azar. Mas, infelizmente, na frente da realidade, as contas na venda do Seu Antonio, a falta de comida no prato, o afago demente, a mente submissa às suas agruras, as tardes de tristeza pungente de cada gente permanecerão, ou não. No alpendre, Maria sorri seu sorriso de branquear a lua mais luzidia. E abre os braços para abraços e tratos de corpos que fluirão em suores na sentença do amor maior.
Hoje, na insensata lucidez que a loucura dá, Florência sonha com as flores que, decerto, seus pais anteviam para ele ao lhes dar tal nome. Mas, como no sertão há florescer? De onde tirar a água que dará sobrevida aos caules carcomidos e finos que não dão nem comida pra formiga? Talvez agora essa seja a menor das indagações. As próximas ações são de entrega àquilo que a vida determinou como sandice ou louvor, porvir de si mesmo. O momento, no lamento da vaca a ver seu bezerro morrer, é rever Maria, fazer de segundos a mais a tresloucada e demorada orgia, acreditar que vale crer. Em algum lugar, no homem vestido de vermelho quente no calor das terras tropicais, os sinais se evaporam a mais.
sábado, 29 de junho de 2024
Cavaleiro solitário
Por Ronaldo Faria
Mas os bares parecem que fecharam mais cedo, no enlevo do final de mais um ano. As pessoas, ao que parece, preferem se tornar misantropos, seres amorfos e trôpegos, quando o ano está para dar o último suspiro. Como o foi o derradeiro suspirar da filha amada num leito frio de alumínio.
Mas, afinal, para que servem os bares, esses espaços de lumiares e luminárias que se prestam para o garçom cobrar o devido pelas loucuras e angústias, augúrios, tragicomédias vespertinas para as anginas de gente que sobrevive na sobrevida que a chuva que vem com o Verão que se derrama na súbita trama?
Nas mesas que a volúpia da loucura traz para embriagar a saudade que nada mais traz do que os erros cometidos e tardios, vadios, banidos, os seres múltiplos e metamórficos se perfazem em presto no resto da sanidade atroz. No caixa, o sorridente Genésio nem lembra mais que já foi rima para mulher do vizinho.
Contudo, porém, o bar está cerrando as portas que não existem e molham os pés dos raros bebuns que ali resistiram e persistiram. A madrugada que daqui a pouco se tornará dia, torna o torno que cria novas formas numa fórmula molecular. E brinca de esquecer a vida, batuca na cuca e aconselha um “vá dormir”.
No mundo que parece se entreolhar, o segurança maior que o pé direito que se endireita no bar, mostra que é hora de “transitar”. Quem, na sã consciência que ainda resta e presta, pensará desigual? Estrada retomada, chapiscos de parede mortal a riscar os braços, abraços que não chegarão no dormir do então.
Sentimental, diríamos um quase débil mental, Hermínio, eflúvio como massa corpórea, chega ao lar. Lá fora, no aforismo que uma baleia nunca conseguirá engolir, o mundo persiste e insiste em inexistir. Quisera ele se chamar Jonas. Ao menos seria bíblico. No istmo da saudade, rio e mar esperam sobreviver antemão.
quinta-feira, 27 de junho de 2024
Sá e Guarabira
Por Ronaldo Faria
Um baseado chega naquilo que se baseia ser a ínfima realidade certeira e brejeira. E faz o mundo voar, volatizar, traceja tempos e têmporas, refaz passado e realidade, átimos e átomos de um pensar esfarelado. Nossas lembranças, nas reentrâncias desmedidas, são apernas coisas escondidas num pedaço de cérebro que logo se desfará. No lugar, um ilusório brincar de saber que tem que ser agora porque a sanidade está a derrear.
No mundo daquilo que hoje se sabe, no pó fortuito de toda a estrada, a imaginária e insana realidade de tempos no atrás de atrozes, nas artroses do pensamento e do lamento, do alento descompassado da flor que nasce sombria no fulgor. No fundo de uma angústia, a dor. A insana chegança de querer transformar passado em presente redentor. No mundo abstrato, o destrato que um lampião de querosene hoje se faz em detrator.
Lembranças surgem e emergem dos cântaros, correm nos poucos neurônios que existem e prestam são, sobremaneira, maneiras de acreditar que há como eternizar momentos de alentos para o que virá. Na madrugada, canto de sabiá. Na insurgente crença que a gente traz, Genovésio faz seus versos para ninguém. No apartamento ao lado chora um neném. Quando ele para, a avó diz amém. Do futuro, ninguém sabe o que vem.
terça-feira, 25 de junho de 2024
Zé Geraldo
Por Ronaldo Faria
A cantoria se apercebe que quando a voz calar o fim logo chegará. Não tardará esse momento. No alento de se crer no Alentejo nunca visto, o tormento que o cantador traz na sua dor. O restante, pouco apraz. Talvez um desejo fátuo na fatalidade que existe entre aquilo que se quer e o que pode vir no viés. Talvez uma vez mais a acreditar que detrás da felicidade há muita coisa a se perder. Saudade premente, futuro nunca urgente, realidade pungente. Coisa de demente. Gemente sem semente a brotar. No clarear da picardia e falácia que é a vida, a inaudita e maldita inocência que a essência da poesia vivida teima e traz.
A bolsa de couro esquecida numa redação escolar, a sensação do viver e recordar, transbordar de sílabas e letras as iletradas certezas que um imaginário qualquer. A inóspita contramão de alguma fugaz imensidão, dessa que só se descobre depois que a embriaguez se faz canção. Na contrapartida urdida de ardida e tardia metonímia (seja lá o que isso for), a sintonia brejeira da perfídia. O canto que em cada canto escondido se faz acalanto, vira pranto. E pranteia o panteão frágil e fugidio que nos chega e se aconchega em saudades que o tempo faz fugir para que a dor que adormece o coração semeie celeumas do lado de lá do oceano.
sábado, 22 de junho de 2024
O rock, o blues, o pop e o zydeco de Dr. John
Por Edmilson Siqueira
Zydeco? Eu não sabia o que era. Descobri no Google: "Zydeco é um estilo de música folk norte-americano originado no início do século XX no sudoeste da Louisiana por falantes do creole. Mistura blues, rhythm and blues e música local dos povos crioulos e nativos da Louisiana. Uma das características do gênero é a presença constante do som do acordeom."
Agora, sabendo o que é zydeco é fácil deduzir que Dr. John nasceu em New Orleans, em novembro de 1941 e morreu lá mesmo, em junho de 2019, com 77 anos. E se você, como eu, pouco conhecia (ou nada) sobre o Dr. John, fique sabendo que ao longo de sua carreira, que começou nos anos 50, ele ganhou vários prêmios Grammy em uma variedade de categorias, incluindo melhor performance vocal de jazz, melhor performance instrumental de rock, melhor álbum de blues tradicional. E, em 2001, Dr.John recebeu outra homenagem ao ser introduzido no Hall da Fama do Rock and Roll.
Ele gravou muitos discos a partir de 1968. Alguns anos depois, aconteceu seu primeiro sucesso: "Right Place, Wrong Time". E não parou mais. Em cerca de 50 anos de carreira, gravou 25 discos, misturando estilos das raízes que a cena musical de New Orleans sempre lhe inspirou. Segundo a crítica norte-americana, "ele compartilhou e moldou continuamente a tradição do R&B de Nova Orleans ao longo das décadas com seus inúmeros álbuns e é considerado um ícone pioneiro do estilo local de R&B."
Não é pouco para um branco nos EUA. O disco que tenho dele, aquele gravado em 2001, é Creole Moon e o que escrevi aqui sobre ele - e muito mais - se confirma nas 14 faixas, das quais nove são só dele, quatro feitas com parceiros e apenas uma de outros compositores.
O encarte do disco é generoso. Nele, depois de um texto de apresentação, o próprio Dr. John explica o que, para ele, é cada uma das músicas, num inglês meio complicado para quem está acostumado com a língua onde a influência dos ingleses prevaleceu.
Só pra ter uma ideia, a apresentação começa assim: "Musta been a year ago...", e no encarte tem um pequeno glossário explicando alguns termos que devem estar nas músicas, como "brim" que significa boné ou chapéu; "jaw-jerk" (falar) ou "sprout (bebê ou criança) entre outras.
Mas o que rola mesmo nas 14 faixas é muito rock, blues, um pouco de jazz, tudo da mais alta qualidade. A lista das músicas (e não se preocupe se você não souber traduzir algumas delas): "You Swore"; "In The Name Of You"; "Food For Thot"; "Holdin' Pattern"; "Bruha Bembe"; "Imitiation Of Love"; "Now That You Got Me"; "Creole Moon", "Georgianna"; "Monkey & Baboon"; "Take What I Can Get"; "Queen Of Cold"; "Litenin'" e "One 2 A.M. Too Many".
Ah, na verdade, Dr. John é um personagem baseado em um praticante de vodu do século 19, chamado Dr. John Monatee, do Senegal. Foi primeiramente adotado por Ronnie Barron, parceiro de Rebennack no primeiro grupo que teve. Após Ronnie deixar a banda, Malcolm Rebennack assumiu o personagem que moldaria sua vida e carreira.
Quem quiser ouvir o disco todo - e de graça - basta acessar no YouTube: https://www.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_lljlV8D4NP57di5x1w7Q6aAIeRz8ENKpc .
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