Por Ronaldo Faria
Em trôpegas e infindas vazias letargias, ia o homem fatigado pelo tempo na busca de um lugar além do quebra-mar. Sem portos de onde sair ou voltar, navega entre sereias, monstros mil e loucuras de um ser senil. Entre um barco e outro perdido, com náufragos a nadarem sem rumo ou prumo, ia o almirante Afrânio. Conhecido como o “Grumete da Vida”, navegava de oceano em oceano a passar por tormentas e maremotos, corpos mortos e jogados ao mar que desemboca em nenhum lugar. No caminho dos afluentes que só os doentes de paixão sabem onde ficar, o homem balançava de embriaguez e, sem sensatez, beijava a tez que, em perfídia, aparecia no espelho da vitrine apagada.
Nas vertiginosas hostes que saber-se-á de onde surgem, corre e surge a tropa que seguirá aquele conhecido como o “Capitão sem Aptidão”. Na inexatidão da contemporaneidade, ele transitava entre loucos e bêbados, mulheres nuas e adventistas tristes. Perseguia um fugitivo que, sem saber, era ele mesmo. Com seus soldados maltrapilhos e famintos, famigerados famélicos de emoção, ia a ouvir um sambista que perdeu a mocidade, a sorrir. “Capitão, por favor, a tropa precisa descansar!” – gritou o sargento à base de unguentos. Desmemoriado, o homem, por fim, grita: “Paremos e sintamos o cheiro de jasmim!” Como peças de dominó, os comandados caem um por um, a sorrir.